Foram
mais de três décadas de vida política na Venezuela, que começou quando
ele se formou em ciências e artes militares na Academia Militar da
Venezuela, aos 21 anos. Natural de Sabaneta, oeste da Venezuela, Chávez
nasceu a 28 de julho de 1954. Ele era o segundo de seis filhos dos
professores Hugo de los Reyes Chávez e Elena Frías de Chávez. Sua
infância e adolescência, vividas em Sabaneta e Barinas, também no oeste
do país, foram marcadas pelo gosto por esportes e artes – o presidente
chegou a escrever alguns contos e obras de teatro.
Em
1975, ingressou na Academia Militar da Venezuela, e não demorou muito
para que se tornasse tenente-coronel, em 1990. Sua ideologia esquerdista
e a identificação com Simón Bolívar, um dos heróis da independência da
Venezuela, o levaram a fundar o Movimento Bolivariano Revolucionário 200
(MBR200), que pregava a reforma do Exército e a mudança da ordem
constitucional vigente.
Em
fevereiro de 1992, orquestrou um golpe de Estado contra o então
presidente Carlos Andrés Pérez, que estava envolvido em denúncias de
corrupção. A tentativa fracassou e Chávez foi levado à prisão, onde
permaneceu por dois anos. Já em 1997, ele fundou o Movimento Quinta
República (MVR), agremiação pela qual venceu as eleições presidenciais
do ano seguinte, com 56,5% dos votos.
Assim
que tomou posse, em 1999, Chávez dissolveu o Congresso e convocou um
referendo para a instauração de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Das 131 cadeiras, 120 pertenciam a aliados do então presidente. A nova
Carta, aprovada por 71,21% dos eleitores, mudou o nome do país para
República Bolivariana da Venezuela, outorgou maiores poderes ao
Executivo, extinguiu o Senado – o Parlamento virou unicameral – e
aumentou os direitos culturais e linguísticos dos povos indígenas. Novas
eleições presidenciais foram realizadas em 2000, e Chávez foi reeleito
com 59,7% dos votos.
Em
2002, o país passou por uma grave crise política depois que Chávez
demitiu gestores da PDVSA – a petrolífera estatal venezuelana, que
controla 95% da produção nacional – e substitui-los por gente de sua
confiança. Opositores organizaram um golpe de Estado em abril do mesmo
ano, que foi seguido de um contragolpe dois dias depois, já que forças
leais a Chávez perceberam o clamor popular do líder. Com duração de 47
horas, este foi o golpe de Estado mais rápido da história.
Um
referendo sobre a permanência de Chávez no poder foi realizado em
agosto de 2004, e 58,25% dos votantes se mostraram favoráveis ao
presidente. Em 2006, ele foi reeleito para um segundo mandato de seis
anos. Mais uma vez, ele governou com grande apoio no Congresso, já que a
oposição havia boicotado as eleições legislativas de 2005.
O
primeiro revés veio no final de 2007, quando a população, após um
plebiscito, negou uma reforma à Constituição. Em 2008, a oposição ganhou
a prefeitura das duas maiores cidades do país, Caracas e Maracaibo,
além de cinco Estados economicamente importantes (Zulia, Carabobo,
Miranda, Táchira e Nueva Esparta). Os revezes seriam em parte
compensados em 2009, quando Chávez conseguiu a aprovação da reeleição
ilimitada em um referendo no qual 54% dos votos foram favoráveis à
proposta. Em 2012, ele disputou o pleito presidencial pela quarta vez e
foi reeleito, mas não chegou a assumir o governo.
Aliados e inimigos:
No
campo da política externa, Chávez não escondia seu apreço por
governantes como o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Correa e
os cubanos Raúl e Fidel Castro, todos combatentes da diplomacia dos EUA.
Por outro lado, era feroz crítico do governo da vizinha Colômbia,
aliada dos EUA na América do Sul, e se desentendeu várias vezes com o
ex-presidente colombiano Álvaro Uribe (2002-2010).
Ainda
no âmbito regional, Chávez era o principal defensor da Alba (Aliança
Bolivariana para as Américas), bloco de cooperação regional fundado em
2004 em oposição à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), proposta
impulsionada pelos EUA desde a década de 90, mas que nunca foi criada.
Em 2009, o presidente expulsou do país o embaixador de Israel, em
represália à intervenção militar israelense na faixa de Gaza, em janeiro
do mesmo ano.
Por
outro lado, era próximo do iraniano Mahmoud Ahmadinejad e dos
ex-ditadores iraquiano Saddam Hussein (1937-2006) e Muammar Gaddafi
(1942-2011). Também defendia o ditador sírio, Bashar al Assad, o que
causava controvérsias, já que o regime árabe é acusado de promover uma
violenta repressão à revolta popular que atinge o país.
Herança familiar:
Chávez
deixa três filhas e um filho – três são fruto do casamento com Nancy
Colmenares e uma nasceu da união com a jornalista Marisabel Rodríguez,
de quem havia se separado em 2003. O ex-presidente ainda manteve um caso
amoroso de dez anos com a historiadora Herma Marksman, enquanto estava
com sua primeira mulher.