Via O Globo
O PTB decidiu não apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff,
depois de ter se comprometido com o PT e de, há um mês, ter oferecido um
almoço, na sede do partido, em Brasília, para a presidente.
— O PT não cumpriu nada que prometeu. Só nos empurrou com a barriga — diz um dirigente do PTB.
A cúpula do partido, comandada por Benito Gama, estava reunida desde
quinta-feira, em Brasilia, arquitetando a virada de mesa. Entre os
motivos elencados pelos petebistas estão a falta de apoio do PT a dois
senadores João Vicente Claudino, que desistiu de concorrer à reeleição
no Piauí porque os petistas vetaram seu nome, e Mozarildo Cavalcanti, em
Roraima, que também esbarrou na falta de apoio do PT.A cúpula petebista
diz também que o Palácio do Planalto se comprometeu em bancar a
indicação do senador Gim Argello para o TCU mesmo sabendo dos processo
dele na Justiça. No entanto, diante da repercussão, os petebistas viram o
Planalto lavar as mãos — o que foi qualificado pelo PTB como “uma
sacanagem” e alimentou o desejo de migrar para a candidatura de Aécio
Neves.
O tucano Aécio Neves vinha mantendo conversas com Benito há meses.
Nos últimos anos, ele também conversava sistematicamente com o
ex-presidente da legenda Roberto Jefferson, preso por envolvimento no
mensalão. Segundo petebistas, pesou na decisão, agora, a desidratação de
Dilma e a relação difícil estabelecida com as bancadas do PTB no
Congresso Nacional. Na maioria dos estados, a decisão foi um alívio
porque havia muita resistência ao apoio à reeleição.O PT foi
surpreendido pela decisão do PTB. Na convenção nacional que vai
referendar a indicação da presidente Dilma, neste sábado, ministros e
deputados disseram que foram pegos de surpresa e que não estava no radar
do governo e do partido perder tão perto do fim do prazo das coligações
o apoio do PTB.