segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A TEORIA DOS INVEJOSOS


Li esses dias que a inveja é um mecanismo de  defesa contra a admiração que alguém pode sentir por outra pessoa. É uma definição no mínimo interessante. Além de constar na lista dos sete pecados capitais, esse sentimento é o que mais aparece nas histórias de contos de fadas para justificar o ódio mortal que as vilãs sentem pelas mocinhas.
Há quem não concorde comigo, mas penso que a inveja possua graus diferenciados. Todo mundo um dia já sentiu inveja de alguém. Melhor confessar isso agora, senão, além de invejosos, também seremos tachados de mentirosos.
Inveja da amiga que veste o mesmo número de calça jeans há 10 anos, inveja do vizinho que viajou para Nova Iorque, inveja do parente que ganhou uma promoção no trabalho, inveja da celebridade que vive aparecendo nas festas.
Entretanto, em certas situações, a inveja não chega a ser a mesma que fez a madrasta da Branca de Neve contratar o caçador para mandá-la desta para melhor. Ninguém assumem ser invejoso, é claro, até porque o título não é dos mais valorizados no meio social, mas às vezes pode ser que eu sinta inveja da mulher que cabe na calça jeans porque queira ser como ela, mas não porque eu deseje que a abençoada engorde.
Penso que o pior invejoso seja aquele que, por não ter competência ou condições de fazer algo, morra de raiva de quem consegue. E, além de mascarar sua admiração,deseja que a outra pessoa seja prejudicada. Se fosse o caso da viagem, por exemplo, é quase certo que o invejoso desejaria ardentemente que o avião caísse. Na ida, é claro, que era para o vizinho nem ter o gostinho de conhecer Nova Iorque.
O invejoso sofre e faz sofrer. Ele contamina os ambientes familiares, sociais e profissionais. Ao invés de tentar ser uma pessoa melhor, de  buscar se destacar no que faz, prefere nutrir no seu coração esse sentimento nocivo.  Qualquer pessoa que seja referência na área profissional em que atua, que cative os que a rodeiam – na família, na escola, na igreja,  no trabalho – e/ou que tenham uma aparência bacana pode ser alvo dos invejosos.
E a teoria deles é terrível: “se eu não posso viver o que ele está vivendo, por que ele pode?” E aí chovem as estratégias de perseguição, as chamadas “puxadas de tapete”, que nada mais são senão atitudes vindas dos que alimentam sua alma com a inveja.
Olhar para alguém e apenas desejar ter ou ser aquilo que faz parte da vida alheia pode não ser tão feio assim. Feio mesmo é não só desejar o que é do outro, mas sim desejar que ele perca o que conquistou.
Por Lu Oliveira.
Eu tenho inveja de quem nunca encontrou um invejoso no seu caminho.