sexta-feira, 10 de abril de 2015

OS 100 PRIMEIROS DIAS DO GOVERNO ROBINSON ...

Chegamos aos primeiros 100 dias da gestão Robinson Faria (PSD). Apesar de não estar olhando pro retrovisor, é de lá que vêm seus problemas maiores. O que recebeu o deixa manietado em termos de investimentos e simples funcionamento operacional básico.
O governador transpira autoconfiança e irradia otimismo. Comunica-se sem atalhos, miopia ou qualquer atitude cesarista.
Foi ágil ao decretar estado de calamidade no sistema prisional, para estancar logo essa metástase com apoio da Força Nacional.
Revelou habilidade para negociar com setores insatisfeitos do funcionalismo e buscou alternativas para dar alguma resposta à insegurança.
Robinson e Rosalba: um passado que não pode se repetir (Foto: 22 de janeiro de 2010)
Não se furta ao diálogo, algo difícil na administração passada. Sabe ouvir, situação pouco comum entre os políticos.
Mas comete um erro que me parece comprometedor do futuro: não tomou medidas concretas e incisivas para atacar a crise que dilapida as forças do Estado, impedindo-o de avançar em investimentos e reduzir custeio. Nada além do comum.
Talvez pague um preço alto por isso.
Também não dá indicadores de que tenha um plano de governo pronto e acabado ou pelo menos esboçado. As próprias  informações sobre a “herança maldita” ainda estão sendo compiladas e não param de aparecer surpresas desagradáveis.
É absolutamente impossível sanar o caos tão-somente com discurso que elevem a auto-estima e até certo ponto revelem algum ufanismo. Essa retórica não se sustentará por muito tempo.
A paciência da população é bem inferior, por exemplo, ao que se manifestou em relação ao Governo que o antecedeu. Os nervos estão a flor da pele e a própria conjuntura é bem mais desfavorável.
Todos parecem no seu limite.
Se as medidas amargas precisam ser tomadas, eles deveriam ter sido geradas nos primeiros dias da administração. Isso não ocorreu até esse instante.
E o governador sabe que precisará fazer ajustes logo, rapidinho.
Na atividade pública e na iniciativa privada não conheço nenhum “case” de sucesso no enfrentamento de crises mastodônticas como a vivida pelo Estado do RN, sem remédio muito amargo. “Canja de galinha” não cura câncer.
Daqui para frente, o tempo corre em desfavor do Governo, que dificilmente estaria de pé se não tivesse utilizando recursos do Fundo Previdenciário, aprovado no apagar das luzes do Governo Rosalba Ciarlini (DEM). Portanto vive sustentado artificialmente. Por “aparelhos”, digamos.
Robinson Faria chegou ao poder com poucos compromissos ou nenhum compromisso, com ele próprio gosta de repetir, com grupos ou corporações financiadoras de campanha. Enfim, não precisará fazer muitas concessões ou fatiar a administração à base do compadrio ou toma-lá-dá-cá.
Utilizando essa vantagem, pode fazer mais o que Rosalba não soube fazer ou não teve coragem de promover.
O Rio Grande do Norte não pode esperar. E 100 dias já se foram…