A violência urbana, a
transposição do rio São Francisco e a disputa entre Jair Bolsonaro (PSL) e
Fernando Haddad (PT) são os principais pontos discutidos no segundo turno da
eleição no Rio Grande do Norte. O estado é o mais violento do país.
Líder no primeiro turno, a
senadora Fátima Bezerra (PT) tem apostado em seus programas eleitorais na
proposta de aplicar um pacote contra a violência que inclui a adoção de
inteligência, a produção de informações para orientar a polícia e a implantação
de vigilância com videomonitoramento no estado.
Seu adversário, o ex-prefeito de
Natal Carlos Eduardo Alves (PDT), segue a mesma linha e prega o aumento da
capacidade de investigação das polícias Civil e Militar, a ampliação do
investimento em inteligência e tecnologia e o aumento do efetivo, além de
colocar os policiais nas ruas.O estado foi o mais violento do país em 2017,
segundo o 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em agosto, com
68 mortes a cada 100 mil habitantes, índice que representa mais que o dobro da
média nacional.
Palco de um massacre em janeiro
do ano passado no presídio de Alcaçuz, quando uma disputa de facções deixou 26
mortos, o Rio Grande do Norte também tem uma polícia que vive estado de
sucateamento —ao ponto de recompensar policiais com dias de folga caso pagassem
do próprio bolso o conserto dos veículos da corporação parados por falta de
condições de uso.
Entre o fim de 2017 e início
deste ano, policiais fizeram greve, o que fez também subir registros de
arrastões, roubos e homicídios. No primeiro turno, Fátima obteve 46,17% dos
votos válidos, ante os 32,45% de Carlos Eduardo.
Além da violência, a transposição
do São Francisco e a nacionalização da disputa são outros temas presentes nos
programas eleitorais no rádio e na TV e debates do segundo turno. "Nasci
no sertão, conheço a dureza da seca de perto", disse a senadora na TV, ao
falar da transposição e ao propor também a construção de cisternas e perfuração
de poços.
Já o ex-prefeito foi um dos
primeiros com passagem ao segundo turno a anunciar apoio a Jair Bolsonaro (PSL)
na disputa presidencial e tem tentado colar sua imagem à do presidenciável. Foi
assim ao fazer críticas às prisões de petistas na Operação Lava Jato e ao dizer
que aguardará o posicionamento do capitão reformado sobre o pagamento da 13ª
parcela do Bolsa Família.
O pedetista também posta vídeos
de apoio a Bolsonaro em redes sociais. Alega que não é um apoio oportunista e
que estaria com Ciro Gomes (PDT), caso ele tivesse avançado ao segundo turno da
disputa presidencial. Pesquisa Ibope divulgada na última quarta-feira (17)
mostrou a petista com 54% dos votos válidos, enquanto o pedetista somou 46%. A
margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para
menos. Foram ouvidas 812 pessoas de 40 cidades entre os dias 14 e 16.
A pesquisa, contratada pela Inter
TV Costa Branca, foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o
número BR-08202/2018 e tem nível de confiança de 95%. Os dois candidatos também
têm intensificado campanha no interior do estado. Fátima fez nesta sexta (19)
carreata em Mossoró, cidade também visitada nos últimos dias por Alves.
Estas eleições foram atípicas no
Rio Grande do Norte, em que a continuidade de clãs políticos foi varrida do
segundo turno. O atual governador, Robinson Faria (PSD), não foi ao segundo e
ficou em terceiro lugar, com 11,85% dos votos. Atingidas pela Lava Jato,
lideranças locais se viram fragilizadas. A reorganização de forças deu força a
Fátima Bezerra e ajudou Carlos Eduardo (PDT), que é da oligarquia Alves, mas
fez carreira independente e já chegou a ficar rompido com os parentes.
FONTE: Folha de São Paulo