Os conceitos de amizade possuem no mundo da política certa ambiguidade
Governar com amigos ou com inimigos?
A pergunta é reconhecidamente provocativa, mas é inegável que levanta uma questão legítima, sobretudo no campo da prática política, da política como acontece na vida real (gostemos ou não).
Todos os sábios que estudaram e escreveram sobre a política, em todas as eras, advertiram, alertaram e deram conselhos sobre como lidar com amigos e com inimigos.
Existe uma enorme quantidade de ditos, máximas e aforismos nas obras políticas de todos os tempos, que se constituem num verdadeiro Banco de Sabedoria Política, versando sobre os mais variados temas.
Como não poderia deixar de ser, a temática do inimigo e do amigo na política não poderia estar ausente deste Banco.
Aliás, este é um dos temas mais frequentemente abordados.
Observe abaixo, a propósito, alguns aforismos famosos relativos a esse assunto, propostos de maneira a explorar a dialética amigos/inimigos.
"A maneira mais certa de desfazer-nos de um inimigo é fazer dele um amigo" (Henrique IV)
"Para ter um bom inimigo, escolha um amigo. Ele sabe melhor que ninguém onde atingi-lo" (Diane de Poitiers)
"Senhor, protegei-me dos meus amigos. Dos inimigos eu me encarrego" (Voltaire)
"Príncipes, especialmente novos príncipes, encontraram maior confiança e utilidade naqueles homens que, no início de seus poderes, encravaram com suspeita, do que naqueles em que confiavam no início de seus governos" (Maquiavel)
Eles atestam a ambiguidade que os conceitos de amizade e inimizade possuem no mundo da política.
O realismo político desconfia muito da amizade.
Ela é um sentimento próprio das relações pessoais, indivíduo e indivíduo, intrinsecamente subjetivo, destituído de interesses, fundado na feição.
Por sua própria natureza então, acomoda-se mal no mundo mais impessoal e interesseiro da política, segundo Maquiavel, em "O Príncipe".