O Uruguai iniciou oficialmente, a partir da ultima terça-feira 24, uma
experiência inédita na América Latina. O presidente José Pepe Mujica
sancionou a legislação aprovada pelo Congresso do País que
descriminaliza e libera para plantio, uso e comercialização controlada a
canabis, a conhecida maconha.
É a primeira vez que um país da região adota uma lei que não é punitiva
sobre o produtor e o usuário da planta. Nos Estados Unidos, a permissão
para o uso recreativo ou medicinal da maconha já está consagrada em
estados como Califórnia, Colorado e Washington. No Brasil, a iniciativa
do Uruguai despertou a ira dos fundamentalistas na mídia familiar, que
já indicam que o país vizinho passará a ser uma base segura para o
narcotráfico do continente.
Não se tem notícia de que Pepe Mujica tenha sido ou seja um maconheiro,
como se chama, de modo pejorativo, o usuário de canabis. Muito menos que
ele tenha algum vestígio de ligação com o narcotráfico, que perdeu seus
chefões como Pablo Escobar mas realiza negócios bilionários de
produção, distribuição e comercialização de drogas pesadas como a
heroína, a cocaína e seus subprodutos, como o crack, todos os anos na
América do Sul.
Na história de Pepe Mujica há um passado de guerrilheiro contra a
sanguinária ditadura uruguaia e um presente de perfil discreto e nada
afeito a mordomias. Na economia e na política, o presidente toca o país
sem solavancos, numa placidez que nada tem a ver com as pirotecnias
fracassadas de sua colega argentina Cristina Kirchner. Até aqui, pela
soma desses fatores, Pepe Mujica era um exemplo de governante bem
centrado no desempenho do cargo, mas passou a ser execrado pelo
conservadorismo em razão da lei da maconha