A nova moda no
governo e no PT é alardear que eles temem mais Eduardo Campos do que
Aécio Neves, mas isso induz a concluir justamente o oposto: a maior
ameaça é o tucano Aécio Neves. Dilma
é franca favorita e os dois opositores parecem em pé de igualdade, mas,
se Campos vai ganhar um enorme gás com o anúncio de Marina Silva como
sua vice, Aécio tem um partido mais estruturado, os governos de São
Paulo e Minas e a polarização direta com o PT. Ou seja, sua campanha é
um destino mais natural para os eleitores que não querem um novo mandato
petista.
Então, por que
bater direto em Campos e sair por aí falando que ele é mais forte do que
Aécio? De um lado, para minimizar o potencial de Aécio e não lhe dar
espaço na mídia. De outro, para que Campos encorpe o suficiente para
retirar votos de Aécio e os dois se embolem numa guerra infernal na
oposição. A mesma intriga entre Campos e Marina vale para Campos e Aécio, até porque tem fundo de verdade e solo fértil para prosperar.
O ataque a
Campos e a Marina na página oficial do PT na internet, classificando um
como 'playboy mimado' e a outra como 'ovo da serpente', pode ter sido só
um erro de um contratado qualquer. Mas pode não ter sido algo tão
simplista. Apesar
de dizer que essa não é 'a posição oficial do PT', o vice-presidente do
partido e responsável pelas redes sociais na internet disse que
avalizou o ataque. Comeu mosca? Ou participou de uma estratégia?
A estratégia de
fortalecer Campos, porém, é arriscada, porque ele é neto do mítico
Miguel Arraes, tem origem e sotaque nordestino, é muito bem avaliado em
Pernambuco, respeitado nos meios empresariais. E, como é pouco
conhecido, tem baixo índice de rejeição. Não é fácil calibrar até onde
inflar o pão sem ele estourar. E
o resultado do ataque na internet foi um desastre: não acrescenta nada
para Dilma, atrai críticas ao PT e dá visibilidade a Campos e à
oposição
Eliane Cantanhêde - Folha de S.Paulo.