quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
O PRAZER DE ENVELHECER E DE MORRER DE BEM COM A VIDA
A cada dia, manchas senis vão decorando o dorso de minha
mão, como estrelas que vão surgindo no início da noite. O sorriso sendo
emolduradas por bem desenhadas rugas, alegres e expressivas. Um vinco
insiste em descer a cada lado do nariz em direção aos lábios. A pele vai
lentamente se descolando dos músculos como se divorciasse de sua
elasticidade. O sono piora e mais pareço um vaqueiro que às 4h já não
cabe na cama.
E dia a dia, mês a mês, vou desenvolvendo a natureza, aquilo que não é
meu: células, proteínas, carbonos, nitrogênios, enfim, a matéria!
Lenta e continuamente me despeço da juventude, do vigor, das ilusões e
sonhos impossíveis. Não há mais lugar para arroubos, impulsividades,
revoltas juvenis. Pouco a pouco sou dominado pela moderação, pela
compreensão profunda do que vai na minha mente, coração e alma. Observo o
mundo que me cerca, munido de curiosidade, sabedoria.