sexta-feira, 8 de março de 2019

A história do Dia Internacional da Mulher

(Foto: operárias da fábrica da Triangle Shirtwaist)

Não há concordância absoluta sobre a origem do Dia Internacional da Mulher diante das múltiplas manifestações de luta de mulheres por todo o mundo. A filósofa Angela Davis cita um evento ocorrido em 1908 em que "as mulheres socialistas do Lower East Side, em Nova York, organizaram uma manifestação de massa em apoio ao sufrágio igualitário, cujo aniversário [do Dia da Mulher seria] comemorado"

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado a 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América, em memória de uma greve, realizada no ano anterior, que mobilizou as operárias na indústria do vestuário de Nova Iorque contra as más condições de trabalho.

Em 1910, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhaga, dirigida pela Internacional Socialista, quando foi aprovada a proposta, apresentada pela socialista alemã Clara Zetkin, de instituição de um Dia Internacional da Mulher, embora nenhuma data tivesse sido especificada. No ano seguinte, o Dia Internacional da Mulher foi observado pelo primeira vez no dia 19 de março na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, onde mais de um milhão de homens e mulheres participaram de manifestações que exigiam os direitos de votar e ser votada, de trabalhar, de receber educação vocacional e, também, o fim da discriminação no trabalho.

Incêndio em Nova Iorque


A 25 de março de 1911, às 5 horas da tarde, ocorreu um incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, que matou 146 trabalhadores: 125 mulheres e 21 homens, na maioria judeus.A fábrica empregava 600 pessoas, em sua maioria mulheres imigrantes judias e italianas, entre 13 e 23 anos.[10] Uma das consequências da tragédia foi o fortalecimento do Sindicato Internacional de Trabalhadores na Confecção de Roupas de Senhoras, conhecido por sua sigla inglesa ILGWU. A acadêmica Eva Blay considera "muito provável que o sacrifício das trabalhadoras da Triangle tenha se incorporado ao imaginário coletivo da luta das mulheres", mas ressalta que "o processo de instituição de um Dia Internacional da Mulher já vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e européias há algum tempo e foi ratificado com a proposta de Clara Zetkin."

Segundo o livro As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres — publicado em 2010 no Brasil pela editora Expressão Popular — da historiadora espanhola Ana Isabel Álvarez González, a origem da data passa ao mesmo tempo pelos Estados Unidos e pela Rússia soviética. Segundo a autora, que buscou fontes primárias nas historiografias americana e espanhola, o incêndio realmente ocorreu e matou 125 mulheres trabalhadoras, além de 21 homens, mas em 25 de março 1911 e não dois anos antes, menos ainda no dia 8. E mesmo que o ano, 1908, estivesse errado, 8 de março de 1911 foi um domingo, data improvável para a deflagração de uma greve, uma vez que não causaria grandes prejuízos aos donos da fábrica. Além disso, incêndios desse tipo não eram incomuns à época.

González defende que o incêndio foi muito significativo para o movimento operário norte-americano e para o feminista, sendo uma das consequências da tragédia o fortalecimento do Sindicato Internacional de Trabalhadores na Confecção de Roupas de Senhoras (ILGWU). Mas, sozinho, ele não explica a determinação de uma data para o Dia Internacional da Mulher.

Fonte: Super INTERESSANTE