O coletivo Além quer levar às famílias a questão do pelo, dos
transgêneros e das relações afetivas de uma forma leve. Mesmo utilizando
a nudez em seus ensaios fotográficos, acreditam que tudo é retratado de
forma dessexualizada.
Dez jovens bamboleiam nus no terraço de um prédio ocupado no centro de
São Paulo, o Ouvidor 63. Quem passa pela rua se surpreende. Algumas
pessoas param nas janelas dos arredores para admirar, fotografar ou até
gritar algumas ofensas. Mas os bambolês não param, e toda a cena vira um
ensaio fotográfico do coletivo político-poético Além.
“O bambolê, a dança, a nudez, tudo isso faz parte de um processo de
libertação do corpo”, esclarece Núbia Abe, de 27 anos. Ela, que é
ex-publicitária, e Mateus Lima, também de 27 anos e ex-fonoaudiólogo,
estão à frente do coletivo. Os dois se conheceram em um grupo da
internet e logo se identificaram. Eles explicam a escolha do nome: “A
realidade é uma, a gente quer ir além”. O primeiro projeto surgiu em
setembro de 2013. Foi o Pelos Pelos, em que homens e mulheres que não se
depilam são retratados.
A primeira série é a que gera mais repercussão ainda hoje. “É a questão
mais absurda de todas. A mulher não pode ter escolha sobre o próprio
corpo”, opina Núbia. Em referência às críticas de que o corpo feminino
deve ser depilado, ela rebate: “A aprovação não tem que vir de outra
pessoa, a gente que tem que escolher. E essa escolha de ser depilada ou
não está sempre condicionada à opinião do homem”.