Trechos da entrevista concedida ao Jornal de Hoje, edição deste sábado (17):
JH– Na condição de agropecuarista, que diagnóstico o senhor tem do problema da seca no Estado?
JOSÉ
ADÉCIO – Esse é um fenômeno que acontece ciclicamente. Desde que me
entendo por gente, ouço falar em seca e pouco tem sido feito pelas
autoridades para minimizar os seus efeitos devastadores. A de 2012,
então, tem sido cruel porque os rebanhos estão sendo dizimados. Existe
falta d´água e comida para alimentar o gado. De certa forma, o humano
conta com programas governamentais, mas os animais estão sofrendo muito.
Tem que haver programas urgentes e eficazes.
JH – Quais as ações de governo que têm chegado ao interior?
JH – Quais as ações de governo que têm chegado ao interior?
JA – Apenas
algumas coisas timidamente, como distribuição de ração animal através da
secretaria da Agricultura. É preciso que os governos, municipal,
estadual e federal unam-se num esforço conjunto porque a situação é de
extrema gravidade.
JH – Numa visão macro, o que deve ser feito para o Nordestino conviver com a seca?
JA – Na minha
visão, uma política definida pelo Congresso Nacional que disponibilize
recursos para combater um problema secular que se repete praticamente
todos os anos. Na Constituição Estadual tem um artigo de minha autoria
criando um fundo para cuidar disso, mas nunca foi colocado em prática.
No meu entendimento, devem ser intensificados e disseminados programas
de construção de barragens e poços tubulares, tanto no cristalino quanto
nos espaços sedimentares para produzir água de boa qualidade para
irrigação, consumo humano e animal.
JH – O programa de adutoras chegou à exaustão?
JA – Em alguns
lugares, sim. É preciso que se cuide disso. É necessário e urgente que
se faça uma fiscalização rigorosa para coibir abusos praticados ao longo
das adutoras com pessoas retirando água clandestinamente.
JH
– O senhor é um dos maiores defensores de mais assistência para o homem
do campo, principalmente nesse momento de dificuldades. Como está, por
exemplo, o Programa do Leite?
JA – Sempre fui
um entusiasta do Programa do Leite, uma iniciativa importante do então
governador Geraldo Melo. O programa cresceu no governo Garibaldi Filho,
mas começou a apresentar distorções que precisam ser corrigidas.
Atualmente, o Programa do Leite não beneficia quem deveria beneficiar
que são os pequenos, médios e grandes produtores, além das pessoas
carentes que recebem o produto. É inadmissível e intolerável que em vez
das usinas estejam comprando leite em pó e não ao produtor do Rio Grande
do Norte. Continuo sendo um crítico dessa prática nociva a nossa
economia. Fui relator da CPI do Programa do Leite e fizemos proposições e
adotamos decisões que foram encaminhadas ao Governo do Estado, Tribunal
de Contas, Ministério Público e Procuradoria Geral, objetivando
melhorar o programa. A bacia leiteira praticamente desapareceu e a
qualidade do leite é questionável. Quando os laticínios reclamam e todos
estão insatisfeitos é porque tem algo errado.
JH
– Qual a avaliação que o senhor faz da mensagem anual lida pela
governadora Rosalba Ciarlini na Assembleia Legislativa nesta última
sexta-feira?
JA – Faço uma
avaliação ao meu estilo. O governo tem acertos e desacertos. É preciso
mais agilidade em alguns setores, mas acredito que a tendência é o
governo melhorar e torço para que isso ocorra. O Banco Mundial aprovou
540 milhões de dólares para investimentos no Rio Grande do Norte, o que
significa mais de 1 bilhão de reais, mas é preciso que exista projetos e
gestores com competência e agilidade para por em prática esses
projetos. Entendo que uma das razões das dificuldades do governo foi o
Plano de Cargos e Salários dos Servidores Estaduais que foi aprovado
pela Assembleia Legislativa no governo passado sem que tenha havido o
cuidado de avaliar se havia recursos necessários para fazer face à essas
despesas.
JH – A oposição tem sido cruel com a governadora?
JA - No meu
entendimento, não. Oposição é para fazer oposição, governo é para ser
governo. Não acredito num lado só. Em tudo tem que haver concordância e
discordância. A oposição é importante na democracia e no exercício do
contraditório.
JH – O senhor acredita no sucesso do governo após dois anos de dificuldades?
JA – Sou muito
otimista. A governadora tem tudo para fazer uma grande gestão. O então
governador Garibaldi Filho, faltando dois anos para concluir o seu
mandato, vendeu a Cosern por 700 milhes de reais e transformou o Estado.
É tanto que venceu as eleições para José Agripino no primeiro turno.
Rosalba, que foi competente gestora em Mossoró, tem tudo para fazer do
Rio Grande do Norte num canteiro de obras.
JH – Qual sua expectativa com relação a 2014?
JA – Existe uma
candidatura posta do vice-governador Robinson Faria, que tem viajando
muito ao interior e tentado unir a oposição. Pesquisas indicam Wilma de
Faria bem avaliada e a governadora Rosalba Ciarlini, que certamente será
candidata à reeleição. Vejo também o PMDB com possibilidade de
apresentar candidatura própria ao Governo do Estado, mas entendo que
muita coisa poderá acontecer.
JH – O senhor acredita na manutenção da aliança DEM/PMDB?
JA – Torço para
que isso ocorra. Qualquer político de bom senso do DEM deve trabalhar
por isso. O PMDB tem dois expoentes da política estadual que são o
senador Garibaldi Filho e o deputado Henrique Eduardo e na minha visão é
importante a manutenção dessa aliança. Mas é um problema do PMDB. Eu,
particularmente, votei em Garibaldi Filho três vezes e tenho um bom
relacionamento com o deputado Henrique Eduardo.