sexta-feira, 1 de junho de 2018

Cortes para diminuir o valor do diesel devem agravar situação do SUS, dizem entidades



Representantes de entidades na área da saúde criticaram nesta quinta-feira (31) o anúncio de novos cortes em recursos do SUS e de outros setores como forma de compensar o subsídio ao diesel. As medidas também geraram críticas de indústrias afetadas pelas mudanças.

Ao todo, foram cortados R$ 179 milhões em recursos do orçamento da saúde, a maioria destinados para as chamadas “ações de fortalecimento do SUS”, área que visa melhoria da estrutura e qualidade dos serviços de saúde.

Entre as ações e programas alvos da redução de recursos, estão o apoio à manutenção de unidades de saúde, melhoria da formação de profissionais e médicos e verbas destinadas a atividades ligadas ao apoio e manutenção de programas consolidados, como o Mais Médicos e Rede Cegonha, voltada ao atendimento a gestantes.

O governo diz que o corte afeta apenas verbas já bloqueadas no orçamento. O setor, no entanto, ainda tinha expectativa de que os recursos fossem descontingenciados. Somados outros setores, como educação e segurança, os cortes chegam a R$ 3,4 bilhões.

Para Gastão Wagner, professor da Unicamp e presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), o cenário de redução de recursos ao SUS indica uma política “gravíssima” e “irresponsável”.

“O SUS já passa por dificuldades imensas, com retração de investimentos. A crise dos estados e municípios tem repercutido no SUS, com fechamento de leitos hospitalares e unidades básicas. Cortar recursos implica em mortes que poderiam ser evitadas”, diz.
Queda do diesel não chegará a R$ 0,46, dizem distribuidoras

As distribuidoras de combustíveis convocaram para hoje uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, para discutir a redução de R$ 0,46 nos preços do óleo diesel nas bombas. Leonardo Gadotti, presidente da Plural, entidade que reúne a BR (da Petrobrás), Raízen (joint venture entre Cosan e Shell) e Ipiranga (do Grupo Ultra), disse que não há como o desconto ser integral e teme que os critérios de fiscalização anunciados pelo governo podem “provocar uma guerra” nos postos.

Nos cálculos da Plural, a redução direta nas bombas seria de R$ 0,41, uma vez que o governo não colocou na conta os 10% de mistura de biodiesel que são misturados ao diesel. O argumento da entidade é que o biodiesel não teve os impostos reduzidos.

Outra preocupação das distribuidoras é sobre como a fiscalização para o cumprimento da redução de preços nas bombas vai ser conduzida. “Isto pode criar uma guerra em postos de estradas, provocar um caos, sobretudo em regiões que concentram produção agrícola.”

Ontem, o representante do Ministério da Justiça, Claudemir Brito Pereira, anunciou que a portaria sobre a fiscalização nos postos sairá no Diário Oficial da União de hoje e que os órgãos do governo estarão prontos para fazer a vistoria em todo o País. O preço base a ser usado, para comparação, é do dia 21 de maio.
PIB mostra retomada lenta, e parada dos caminhoneiros piora o cenário

A economia cresceu no primeiro trimestre mais que o 0,3% esperado pelos analistas do mercado financeiro. Mas, ainda assim, eles estão revisando para baixo o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) em 2018.

A paralisação dos caminhoneiros e, antes disso, a alta do dólar colocaram dúvidas sobre o desempenho da atividade no segundo trimestre, e muitos já temem o impacto desses eventos sobre a confiança de empresários e consumidores ao longo do ano.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou, nesta quarta-feira (30), que o PIB cresceu 0,4% no primeiro trimestre ante os últimos três meses de 2017. Embora a taxa seja mais alta do que as vistas na segunda metade do ano passado, revela um ritmo mais lento do que era esperado.

Para ter ideia da frustração, no início do ano, a expectativa de analistas, como Thiago Xavier, da consultoria Tendências, era que o PIB cresceria 0,9%. “Esses novos eventos domésticos são fatores que devem limitar o crescimento.”

Com as taxas de juros no piso histórico (aos 6,5% ao ano) e a inflação baixa, a expectativa era que o consumo ganhasse velocidade, assim como o investimento, em 2018.

Mas as taxas cobradas do consumidor não caíram na mesma velocidade. O desemprego seguiu elevado, e as vagas que surgiram estão concentradas no setor informal. Isso limitou o avanço da renda disponível para compras.

O consumo das famílias cresceu 0,5% ante o trimestre anterior, número considerado ainda modesto.

O segundo trimestre, que até começou com indicadores positivos em abril, teve um maio turbulento.

Como reflexo da alta do juro nos Estados Unidos, o dólar subiu em países emergentes como o Brasil. O Banco Central segurou novo corte da Selic, e as condições financeiras pioraram.

A paralisação dos caminhoneiros e seus efeitos sobre a economia começam a ser calculados e adicionam problemas a um cenário que já estava ficando mais difícil.

O Santander foi uma das poucas casas que estimaram os caminhões na economia.

A equipe de análise do banco estima impacto de 0,7 ponto percentual no PIB do segundo trimestre e reduziu a expectativa de crescimento da economia em 2018 de 3,2% para 2% –antes havia cortado para 2,5%.

FONTE: Uol